terça-feira, 11 de setembro de 2007

Álbum Colômbia: Cartagena de Índias e Bogotá - 05 a 17 de junho 2007. Créditos: 154 fotos e legendas de Eneida, 09 fotos de Salete.

“O POVO COLOMBIANO” - A Colômbia, habitada desde milhares de anos antes da era cristã, teve seu povo massacrado e saqueado pelos europeus, que dentre outras coisas, buscavam o Eldorado: “um reino com ruas de ouro”. Daí resultou a população atual, formada por índios e seus mestiços com europeus, negros e árabes. A Colômbia e os colombianos não têm nada daquela imagem negativa que a mídia criou para nós, não se vê malandros pelas ruas e tudo parece ter uma magia, uma sensualidade e uma musicalidade que nos envolve totalmente, as pessoas são simples, honestas, simpáticas, educadas e receptivas, o calor humano é intenso e todos são alegres e comunicativos, sem perder a delicadeza e a formalidade, o que os torna um dos grandes atrativos do país. Esse povo ainda guarda hábitos simples, cultiva as tradições culturais, lota as igrejas diariamente, gosta de música, dá grande importância ao trabalho e também é moderno, antenado e com um padrão de consumo alto nas grandes cidades.


“CARTAGENA DE INDIAS”- Patrimônio da humanidade, a cidade fortificada possui um centro histórico com mais de 50 quarteirões dos séc. XVI e XVII, cercado por mais de 11 km de muralhas, exibindo coloridos prédios com belos balcões de madeira, foi sede da inquisição e ficou conhecida como “ciudad amuraillada”. É considerada um dos lugares mais prazerosos do continente, mas é muito mais do que isso, é maravilhosa e apaixonante, um lugar quase perfeito e possivelmente a cidade mais bonita que já conheci. Andar por suas tranqüilas ruelas é um programa da melhor qualidade, principalmente à noite, quando a iluminação é belíssima e a atmosfera fica muito mais interessante, com restaurantes finos e um comércio de qualidade, dá para ficar sem palavras diante de tanta beleza.


“MURALHAS” – São 11 km de intactas muralhas contornando todo o centro histórico de Cartagena, constituem o maior conjunto do gênero nas Américas e foram construídas para proteger a cidade dos ataques de piratas. Deixando a impenetrabilidade no passado, hoje as muralhas, além do charme que conferem à cidade, servem como convite ao visitante a transpor os seus diversos pórticos de entrada ou se entregar às belíssimas vistas que se pode ter do alto de sua superfície, o pôr-do-sol visto a partir dela (última foto), permite ver de um lado, a luz do sol emprestando um amarelo ao Caribe e de outro, as luzes da cidade histórica se acendendo e valorizando, também em tons amarelos, os contornos da arquitetura. Um show!!!


“CASTELO DE SAN FELIPE DE BARAJAS” – Patrimônio da humanidade, é a maior obra da engenharia militar do continente americano, construído para complementar as muralhas, no objetivo de proteger a rica Cartagena das invasões por terra. Olhando a monumentalidade das muralhas e do conjunto de fortes, podemos imaginar a freqüência e a intensidade dos ataques que se davam ali. Esse forte em especial, com belíssima localização, no alto da colina de San Lázaro, tem uma arquitetura complexa, com vários túneis de interligação, torres, aposentos e uma plasticidade em suas formas e volumes que encanta.


“PRAIAS” – Cartagena é banhada pelas águas do Caribe e oferece aos visitantes alguns balneários populares em sua costa, mas o grande atrativo fica por conta das ilhas dos parques marinhos, com arrecifes de corais compondo uma colorida vida marinha que pode ser explorada em mergulhos com “snorkel” nas águas extremamente transparentes. As ilhas contam ainda com deliciosas praias de areias claras e águas mornas que assumem tons do azul ao verde que enchem os olhos e levam o espírito para longe da realidade. Não dá vontade de sair de dentro d’água, onde os peixes nadam ao nosso redor o tempo todo. O que mais esse local poderia oferecer? Um clima caribenho com muita música, culinária típica e... cerveja colombiana é claro!


“BANHO DE LAMA NO VULCÃO TOTUMO” - Totumo é um vulcão de lama que tem “uma estrutura cônica de lama argilosa depositada junto a um orifício de escape de metano, gases não combustíveis, vapor de água e de lama com água salgada”, formação rara no mundo, é presente em regiões sísmicas. Programa inusitado e assustador à primeira vista, devido à precariedade do local, se transforma em algo engraçado e relaxante, com direito à massagem e uma assistência integral dos nativos. A gente acaba adorando e não quer sair lá de dentro, principalmente depois que descobre que a lama é corrente. Detalhe: afundar nessa espessa lama é tarefa quase impossível, boiamos o tempo todo e se locomover dentro dela exige esforço, e uma ajuda dos nativos é bem vinda por todos. Acho que foi o passeio mais exótico e diferente que já fiz até hoje, só mesmo a América do Sul com possibilidades tão peculiares!


“BOGOTÁ” – Essa receptiva metrópole de mais de 7 milhões de habitantes e a quase 3.000m de altitude, em plena Cordilheira dos Andes, não tem nada a ver com o cenário de terrorismo e narcotráfico que a imprensa divulga, muito pelo contrário, é uma cidade calma, policiada, limpa e organizada. Possui uma vida cultural intensa e todo o tempo é pouco para esgotar seus mais de 26 museus, sendo alguns aliás, os melhores que já visitei, igrejas de tirar o fôlego e uma das maiores e mais bem organizadas bibliotecas de obras raras da América do Sul, tudo isso localizado na Candelária, um suntuoso centro histórico. E paralelo ao bucolismo desse centro colonial, existe uma cidade moderna, rica, com grandes shoppings e ótimos cafés. Chegávamos a andar 12 horas por dia e nada nos cansava, aproveitamos cada minuto que passamos ali e ainda assim, saímos com a sensação que queríamos ficar e que ainda tinha muito a conhecer.


“O OURO NOS MUSEUS” - As culturas que se desenvolveram no território colombiano há milhares de anos, se destacaram pelo talento em trabalhar o ouro – abundante em suas terras. Dotando-o de um valor mítico e religioso, produziram adornos e objetos utilitários e ritualísticos. Séculos de produção resultaram em um volume de peças que nem o saque devastador dos europeus desde a ocupação, nem os contrabandistas de patrimônio arqueológico dos tempos atuais, conseguiu dizimar, conseguindo o país, manter ainda um acervo fabuloso e o maior museu de ouro do mundo. O “Museo del Oro”, com acervo em outras cidades como Cartagena, além de Bogotá, é tecnicamente perfeito e possui um circuito expositivo que é de chorar de emoção, não só pelo brilho do ouro, mas pela inserção do visitante neste universo de sensibilidade, conhecimento, técnica, arte, devoção e poder materializado através desse metal que também foi o motivo da destruição de muitas dessas culturas ali representadas.


“MONOLITOS E CERÂMICAS” A Colômbia é um país que investe muito em cultura e patrimônio, o número e qualidade dos museus surpreende, um grande destaque é o “Museo Nacional”, que mostra, em uma parte do seu extenso circuito expositivo, um magnífico acervo arqueológico produzido por escultores e ceramistas de diversas culturas que se desenvolveram no país desde tempos remotos, e o conhecimento que se tem dessas culturas foi obtido através da interpretação de imagens que esses artistas deixaram gravadas em seus trabalhos.


“OS ÔNIBUS COLOMBIANOS” - Símbolos do país, os ônibus colombianos são uma atração à parte, antigos em sua maioria e às vezes velhos mesmo, são coloridos e extremamente decorados em seu interior, com pingentes, quadros de santos, espelhos, franjas, estofamentos coloridos e adesivos nos vidros, o que dá a impressão que os motoristas se promovem com a aparência de seus veículos. Além da sobrecarga de informação visual, o gosto latino é reafirmado com um fundo musical sempre romântico e uma boa dose de desorganização no serviço, parando em qualquer lugar, com um trocador aos gritos, pendurado na porta para conseguir passageiros, uma buzina que não silencia nunca e manobras inacreditáveis.


“NÓS ESTIVEMOS LÁ!” – Essa foi uma viagem que o foco principal não foi as belezas naturais, que certamente a Colômbia possui em regiões que não visitamos, priorizamos o aspecto cultural e optamos por cidades grandes e com patrimônio reconhecido. Assim, cumprimos à risca um minucioso e abrangente roteiro que começa com uma forçada madrugada no aeroporto, um café da manhã no aconchegante hotel, almoço com direito a tomar uma “água de panela” junto ao povo da terra, um merecido descanso no final da tarde com direito a cerveja ao ar livre e manifestações artísticas populares, passeios de lancha, culinária típica caribenha, mergulho de “snorkel”, banho de lama, passagem pelas muralhas e fortes, visita ao “Museo Botero”, um pouco da agitada noite bogotana, feiras de artesanato e o magnífico “Museo del Oro”. Foi bom demais!


“MAIS ALGUNS MOMENTOS” – As imagens nem sempre falam por si e seria impossível aqui, fazer mostrar tudo o que me tocou nessa viagem à Colômbia ou tentar explicar cada foto. Quando muitos, do alto de seu preconceito, me perguntavam o que eu ia fazer nesse lugar, eu não tinha nenhuma pretensão em achar uma resposta que os convencesse da magnitude de tudo o que eu sabia que iria encontrar. Agora mostro essas imagens, compostas a partir do meu olhar, sem a expectativa ainda, de responder a tal pergunta, porque para realmente sentir e entender algum lugar, temos que estar nele e vivê-lo em sua plenitude, como diz Amyr Klink: “Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.

domingo, 2 de setembro de 2007

Caminho da Fé - 2004

Diário

Inverno de 2004

Eneida

Introdução

A minha peregrinação pelo Caminho da Fé começou no exato instante que decidi realizá-la. Após ter visto uma matéria na TV sobre o assunto, em dezembro de 2002, cheguei no outro dia ao trabalho e comentei com Ângela, uma amiga, sobre a reportagem, ela então imediatamente me propôs que fizéssemos juntas o caminho, o que eu prontamente aceitei. Daí para frente começou a minha maratona de pesquisas bibliográficas, pesquisas na Internet, compra de equipamentos e caminhadas de treino, isso durou mais de um ano e meio até a conclusão da peregrinação em julho de 2004.

Eu com 39 anos, já tinha alguma experiência em caminhadas de no máximo um dia de duração e hábito de caminhadas diárias de uma hora ou mais, mas nunca havia feito uma caminhada de longa distância. Ângela, com 51 anos, não tinha nenhuma experiência de caminhadas ou qualquer hábito de exercícios físicos. Mas tínhamos algumas coisas em comum que foram fundamentais para o nosso sucesso: a vontade, a determinação, o comprometimento com o ideal, a confiança em nós mesmas, a convivência harmoniosa, o respeito mútuo, a experiência de viajar juntas outras vezes e a consciência de que cada uma tinha os seus talentos e que precisaríamos somar nossas aptidões e assumir determinadas responsabilidades, respeitando sempre a individualidade uma da outra.

Quando comecei o nosso minucioso planejamento e iniciamos nossas leituras, o Caminho começava em Águas da Prata, esse é um dos motivos de partirmos dali, mesmo já tendo inaugurado o trecho desde Tambaú, quando fizemos a peregrinação. Desde o início, chegamos à conclusão que faríamos o Caminho pelo gosto por caminhadas, aventura, contato com a natureza, autoconhecimento e não por sofrimento, penitência ou objetivo de desmaterialização, então não tínhamos intenção ou pré-disposição em passar por desconfortos que pudéssemos evitar ou fazer a caminhada com simplicidade excessiva.

Concluímos que equipamento técnico de boa qualidade era imprescindível para a nossa boa performance e segurança. Como esse era um investimento razoavelmente alto, fizemo-lo no decorrer de um ano, sempre procurando boas marcas e testando tudo nas caminhadas de treino, que aconteciam pelo menos uma vez por mês, com duração de até 9 horas, percorrendo de 16 a 30 km; e nos 3 meses que antecederam a peregrinação as caminhadas diárias que antes eram de 1 hora de duração, passaram para até 3 horas ao longo do dia, somando aproximadamente 12 km.

Quando começamos a sentir que o peso da mochila seria um problema, decidimos que teríamos o apoio de um carro, conduzido pelo Augusto, marido da Ângela, que nos daria todo o apoio logístico e nos possibilitaria ter mais conforto quando chegássemos em cada destino, não tendo que fazer compras de lanches e água, procurar local para tomar café da manhã, lavar roupas etc... Tudo já estaria dentro do carro.

O calor foi outro problema que sentimos em nossas caminhadas de treino: sugava as nossas energias, nos cansava muito e nos obrigava carregar grande quantidade de água, em decorrência da transpiração excessiva, além de estarmos sempre sujeitas às chuvas, comuns no verão. Então, decidimos que nossa peregrinação seria no inverno, por mais rigoroso que fosse o frio, estaríamos sempre aquecidas quando estivéssemos caminhando, além do período ser seco, o que seria muito mais agradável. E assim fizemos, pegamos apenas um dia de chuva, o qual não caminhamos, frio intenso em algumas regiões (zero grau à noite e 4 graus na trilha) e em outras pegamos até calor.

Fizemos a nossa peregrinação com muita calma, fazendo no máximo 33 km por dia, curtindo cada centímetro do caminho, parando muito para descansar, fazendo lanchinhos energéticos ao longo do dia, ingerindo muita água e fazendo uma farta refeição já no destino. Caminhamos por 12 dias, paramos um, porque chovia muito. Terminamos com muito êxito, sem bolhas nos pés, sem assaduras e sem queimaduras solares (usei muito filtro solar). Dores musculares ou nos pés, só às vezes, no final do dia, que passavam após o banho.

O que também foi determinante para o nosso sucesso, foi a ajuda de muitas pessoas: a minha mãe, Helena, e todos os meus familiares, com o apoio e a paciência em falar quase sempre sobre o mesmo assunto – caminhadas; o Augusto, grande companheiro de viagem, paciente e excelente e motorista; o nosso grupo de caminhadas, “Caminho Novo”, que contou com a participação também da Ângela (minha irmã), Maíra, Júlio, Salete, Paulo, Juliana, Graça e outras pessoas que muito nos ajudaram a adquirir a experiência necessária; O Pe. Valdo e o Daniel cujos diários disponibilizados na internet ajudaram muito no planejamento (infelizmente não consegui nenhum contato com eles); os “sites” e vendedores de lojas especializadas, que nos passaram muitas e preciosas informações sobre equipamentos; os organizadores do Caminho, especialmente o Sr. Clóvis de Águas da Prata, que nos deu as melhores orientações; o Valdyr de Paraisópolis (São José da Ventania) pela acolhida na Pousadinha Mineira; o Maurão, de Inconfidentes, exemplo de peregrino, cheio de informações a nos dar e todos aqueles, anônimos em sua maioria, que nos acolheram nas pousadas e pelo caminho, orando por nós, nos dando carinho, segurança, informações, frutas, água, enfim, tudo o que pudesse estar nos fazendo falta para cumprirmos o nosso objetivo de crescimento espiritual.

Finalmente, não poderia deixar de destacar a ajuda espiritual que é a base de tudo. No Caminho, sentimos uma vibração muito positiva, o espírito mais elevado e o coração mais próximo de tudo que transcende as nossas experiências terrenas, nos sentimos muito mais próximas de um plano superior que mostra a todo o tempo querer nos ajudar e mostrar o “caminho” do bem, visando a nossa evolução. Agradeço profundamente: ao meu pai, Geraldo, meu grande companheiro espiritual; aos amigos espirituais que estão sempre me ajudando; à Nossa Senhora Aparecida, espírito de luz, que durante o Caminho, pude tomar mais contato e conhecer melhor, aprendendo a dirigir a Ela minhas preces, sendo sempre ouvida e envolvida por suas bênçãos e a Deus que nos proporciona tudo.

Às vezes, tenho a certeza de que não somos nós que escolhemos o Caminho e sim ele que nos escolhe, parece que todos os que decidem fazê-lo são tomados de uma atração irresistível, por uma força e uma certeza inexplicáveis. Quase todos à nossa volta, se assustam, não entendem e tentam nos desencorajar, mas tudo o que importa é vencer todos os medos e colocar os pés no Caminho. Ao sairmos dele, somos outras pessoas e com a nítida sensação de que temos a missão de nos tornar multiplicadores de tudo o que o ele nos ensinou em seus 306 km de extensão e de tudo o que ele representa.

Juiz de Fora, primavera de 2004.

13.07.2004 – Juiz de Fora (MG) / Águas da Prata (SP)

Saímos de JF às 11:35 h e chegamos em Águas Da Prata às 18:35 h. A viagem de carro, um Pálio 1.0, em estrada razoável.

Águas da Prata é uma cidade muito bonita, limpa e organizada. A Pousada do Peregrino é boa, simples tipo um albergue da juventude, muito limpa e não serve refeição nem café, mas disponibiliza cozinha e lavanderia. Fomos muito bem recepcionados, Iracema e Sr. Almiro Grings nos deram algumas dicas, vimos fotos e conversamos com outros peregrinos: um casal de ciclistas e duas senhoras caminhantes. Estou com uma boa expectativa, apesar do Sr. Almiro ter dito que o Caminho é muito pesado e não ter colocado muita fé em mim e na Ângela.

Saímos para jantar no Restaurante Sknão, que é mais ou menos. Hoje não está fazendo muito frio, dentro da pousada está 20° C.

Mais tarde, tivemos contato com o Sr. Clóvis, outro idealizador do Caminho, pessoa maravilhosa e com um conhecimento total e profundo do mesmo. Nos deu todas as dicas possíveis e imagináveis, com uma simpatia e humor inigualáveis. Deu a idéia para o Augusto de ao invés dele seguir pelo asfalto e encontrar-nos em cada destino como havíamos planejado, nos acompanhar pelo próprio Caminho da Fé e para isso, ele fez um mapa detalhado indicando os pontos onde ele não teria condições de passar com o carro e aí sim pegar o asfalto.

Ele nos falou que o Caminho da Fé é como a vida, devemos estar atentas aos detalhes e sinais do caminho, senão nos perdemos. Que devemos enfrentar os desafios, sempre olhar para trás e ver o que já conquistamos e não o que falta pela frente. Ele sim colocou fé em nós duas!

Amanhã é o grande dia!

14.07.2004 –1° dia– Águas da Prata(SP)/Andradas(MG) (Pousada Pico do Gavião)

24 km

Preparamos o nosso café da manhã (já temos tudo no carro) e saímos às 06:50 h da pousada, quando o Sr. Clóvis fez a gentileza de nos conduzir até o início da trilha.

Às 07:10 h, já estávamos na trilha, com muito vento, pouco frio (17° C) e um sol lindo. Já na saída, temos belas vistas e cruzamos pastos, o que me incomodou bastante, tive muito medo do gado e dos cães, fiquei um pouco tensa. A sinalização é um pouco confusa em uns três pontos, onde tivemos que voltar pequenos trechos, mas dá para se orientar bem. Passamos por algumas fazendas, sendo uma de criação de avestruzes. O caminho é bonito, muito deserto e sem maiores dificuldades.

Depois de 6 km, chegamos à Igreja de São Jorge, ali o Augusto nos esperava e nos acompanhou por todo o resto do caminho, facilitando muito a nossa jornada, nos aliviando o peso da mochila. Todo o percurso foi de estrada de terra, com subidas e descidas longas, mas não tão íngremes como imaginava e também muitos trechos planos.Todo o caminho é tranqüilo, com belas vistas e a “sinfonia das águas”, palavras do Sr. Clóvis, em quase todo o trecho. Paramos para almoçar na Ponte de Pedra, onde tem uma bonita cachoeira, mas com água suja e muitas moscas, valeu pelo som, pelo visual e pela sombra, ficamos ali por uns 50 minutos. Em todo o percurso tem muita sombra de árvores. O tempo estava ótimo, ficou entre 20° C e 23° C, com vento às vezes e o sol não esquentou ou incomodou. O que mais me impressionou foi a quantidade e variedade de borboletas, de todos os tamanhos, cores e desenhos, do verde água ao laranja, fiquei impressionada, foi o que mais gostei! Pelo caminho, encontramos algumas vezes com os outros peregrinos que estavam na pousada, mas não seguimos juntos. O caminho foi exatamente como o Sr. Clóvis falou.

É realmente muito penoso e cansativo, pretendíamos chegar ao centro de Andradas, mas não conseguimos, paramos 8 km antes, na Pousa Pico do Gavião, que é linda, limpa e confortável e está cravada no meio da serra, chegamos aqui às 16:40 h. Dali eu não conseguiria dar mais um passo sequer! Ficamos muito bem acomodados (esta é a melhor pousada que ficamos em todo o Caminho), e faz muito frio aqui dentro do quarto, 17° C. Jantamos uma comida deliciosa na Pousada.

Fiquei com dores em todo o corpo e principalmente na sola dos pés, ombros e cintura, onde pegava o cinto do cantil e barrigueira da mochila. Pelo menos, não tive bolhas, acho que funcionou colocar uma meia bem fininha por baixo da meia grossa. A sola do pé doeu muito, amanhã vou caminhar de papete e pochete-bolsa para evitar as dores nos pés e ombros. Estou um caco, depois do banho começaram as dores musculares, que melhoraram bastante depois do jantar, quando tomei duas latas de cerveja, parece que relaxei bem e dormi como um anjo!

15.07.2004 – 2° dia – Andradas(MG) (Pousada P. do Gavião)/Serra dos Lima(MG)

22 km

Depois de um farto café da manhã, servido na pousada, saímos às 07:10 h rumo à Andradas.

O caminho é de 8 km por uma bonita trilha toda em descida e escorregando como “quiabo”, devido ao orvalho, levei um bom escorregão! A trilha é toda fechada com vegetação e em alguns trechos parece até um túnel, custamos a ter luz para fotografar. Mas é uma trilha muito bonita e com muitas nascentes, depois de alguns km, cai-se em uma estradinha com bonitas e bem cuidadas propriedades rurais. Em todo o trecho, o Augusto não pôde nos acompanhar.

Chegamos a Andradas, encontramos o Augusto e fomos carimbar nossa credencial no Pálace Hotel. De lá, seguimos pelo asfalto até a estrada para Serra dos Lima. São 14 km até lá, em estrada de terra, com algum movimento de carro. Todo o caminho é mais ou menos plano até 4 km antes de Serra dos Lima, quando se inicia uma severa subida, na qual me saí muito bem, sem me cansar. A sola do pé só dói um pouco nas descidas e estou mantendo-o sob controle com pomada de Cataflan que tem sido um santo remédio (já saí de Juiz de Fora com dor nos pés, acho que abusei das caminhadas urbanas, justo na semana que antecedeu a peregrinação, além da tensão, é claro!).

Durante o percurso, as vistas são lindas, principalmente depois das subidas, é uma área toda de plantação de café e é época de colheita, tem famílias inteiras trabalhando, é um trecho sem matas nativas, só plantações. E o trecho foi sem borboletas, que pena!

Hoje não dava para se perder, a sinalização é boa e o caminho é óbvio. Não tem ventos e apesar da temperatura ter ficado entre 17° e 24° C, sentimos muito calor, principalmente na subida de Serra dos Lima, onde chegamos às 16:00 h.

Serra dos Lima é um lugarejo, que só tem um telefone (público) e ficamos hospedados em uma escola municipal, o local é precário, mas limpo, onde os donos, Márcio e Cárita, são muito simpáticos. Ele nos deu uma “aula” de produção de café e ela fez uma ótima comida de roça para nós (a única comida de roça mesmo que comemos em toda a peregrinação, muito boa!). A hospitalidade compensou a precariedade do espaço físico! Dormimos os três juntos em uma sala de aula, o Augusto, que é professor, ficou até com trauma daquele quadro negro na parede! Encontramos, na pousada, dois ciclistas muito simpáticos. À noite, vi um céu como nunca tinha visto na minha vida, crivado de estrelas, simplesmente maravilhoso!

Hoje caminhei de papete e foi muito melhor, o pé doeu menos e cheguei totalmente inteira no final do dia, inclusive sem dores musculares.

Esse foi um dos dias mais bonitos de toda a peregrinação!

16.07.2004 – 3° dia - Serra dos Lima (MG) / Ouro Fino (MG)

28 km

Saímos cedo, às 06:45 h, depois de uma péssima e desconfortável noite e um rústico café da manhã. Não estava muito frio, o dia todo ficou entre 20° e 24° C.

Os 6 primeiros km até Barra, são de descida íngreme e belas paisagens, depois de Barra, até Crisólia, tem uma forte subida com lindas vistas entre propriedades rurais, com gado, muita plantação de café e corredeiras de água. Vimos alguns tucanos.

Chegamos em Crisólia às 15:00 h, onde a Zeti, do bar do carimbo, nos recebeu muito bem, ela é ótima! Achamos que conseguiríamos chegar até Ouro Fino, a 7 km, ela nos animou e então arriscamos, para ter um hotel melhor para dormir. Realmente conseguimos, mas o caminho é feio, plano e monótono, muito cansativo. Aproveitei para orar por todos que conheço. Em todo o percurso de hoje, vimos muitas plantações de laranja. Fez muito calor, entre 20° e 24° C e o sol incomodou bastante.

A estátua do Menino da Porteira, na entrada da cidade, impressiona pelo tamanho. Ouro Fino é uma cidade grande e desenvolvida.

Chegamos em Ouro fino às 17:00 h, já muito cansadas, não tínhamos nem ânimo para procurar pousada, dava vontade de entrar na primeira, mas acabamos nos sacrificando um pouco em procurar, porque não agüentaria passar outra noite igual à passada. Fomos para a Pousada Arco-Iris, que é arrumadinha, limpa e com banheiro no quarto, serve somente café da manhã. Uma das coisas que dá preguiça é descer com a bagagem do carro, que, aliás, é muita coisa. O Augusto sempre diz: “vamos descer só com o essencial, ou seja, tudo!” E então sempre morremos de rir! Eu particularmente levei: uma bolsa de viagem média, uma mochila de 38 litros, uma bolsa térmica grande com lanches para toda a viagem e uma pochete-bolsa grande, de 8 litros, haja braço no final da caminhada! Ângela e Augusto levaram muita coisa também, porém, de forma mais separada, em muitas bolsas.

Termino sempre as caminhadas com muita disposição, “ligada” mesmo, tenho a sensação que poderia caminhar mais, sem sono e com muito bom humor, hoje estou com muito sono e cansada porque não dormi nada na noite passada. A Ângela, ao contrário, sempre fica muito sonolenta e irrita-se facilmente, principalmente com as brincadeiras do Augusto, hoje foi um desses dias!

Jantamos uma pesada comida em um self-service e fomos para o hotel dormir, hoje estou morta de sono. Não estou nem com forças para escrever muito! À noite, caiu uma pesada chuva, tomara que não continue amanhã!

17.07.2004 – 4º dia – Ouro Fino (MG) / Borda da Mata (MG)

30 km

Saímos às 07:00 h de Ouro Fino, depois de uma ótima noite de sono e um bom café da manhã servido na pousada. O caminho até Inconfidentes é muito bucólico, todo cercado de árvores e plano, só estava com um pouco de barro, devido à chuva da noite, mas é muito agradável.

Chegamos à cidade de Inconfidentes, uma cidade pequena, mas com um comércio de malhas grande, tem muitas lojas de crochê com coisas lindas, vale uma visita para fazer compras. Fomos para o Bar do Maurão carimbar. Lá, ele nos recebeu muito bem, mostrou fotos e falou bastante sobre o Caminho, ele já o fez 16 vezes. Ficamos de manter contato depois, foi ótimo!

Seguimos em um caminho bem plano até a Pousada Águas Livres, onde as instalações são simples e os donos são ótimos, nos receberam muito bem. Nos serviram frutas e nos deram também para levar.

O Caminho é muito agradável, hoje o dia está nublado e a temperatura girou entre 17° e 21° C. Chegamos a pegar chuva no trecho entre a Pousada Águas Livres e Borda da Mata. Esse trecho é mais pesado, com subidas e descidas com vistas bonitas, mas não muito especiais. Foi muito cansativo o final, pois a Ângela está sentindo dores e não agüentava mais.

Um rapaz, João Batista, muito simpático, educado e viajado, que estava em um bar na entrada da cidade, que veio nos perguntar sobre a peregrinação, conversou um pouco e nos disse que possivelmente não encontraríamos hotel para ficar, mas que se isso acontecesse, poderíamos ficar na casa dele que nos cederia sua própria cama! Dito e feito, chegando em Borda da Mata, às 17:30 h, tinha festa na cidade e não havia mais hotel. Com muito custo, depois de meia hora de procura, conseguimos lugar, os três juntos, em uma sala improvisada na Pousada Mineira, cujo dono teve muita boa vontade em resolver nosso problema e foi muito educado, mas a pousada está muito cheia, suja, bagunçada e barulhenta, mas foi o jeito! E ainda conseguimos esse lugar, porque as duas peregrinas que conhecemos lá em Águas da Prata, chegaram na nossa frente e fizeram uma reserva para nós, se não fossem elas... João Batista ia dormir no chão esta noite!

Como que por milagre, o meu pé hoje praticamente não doeu, sendo que ontem à noite, não estava conseguindo nem encostá-lo no chão, muito estranho! Hoje foi o dia que menos me cansei, apesar de ter andado 30 km. Acho que as orações de ontem me fizeram muito bem, tenho me sentido muito protegida aqui.

Saímos para jantar e andamos pela festa da cidade, estava mais ou menos.

18.07.2004 – 5º dia – Borda da Mata (MG) / Tocos do Moji (MG)

19 km

Depois de uma noite dormindo super mal instalada e com muito barulho, preparamos o nosso café e saímos às 07:00 h.

Metade do caminho é tranqüilo e a outra metade é de muitas subidas e descidas, sendo longos trechos muito intensos, é um dia de pouca quilometragem, mas caminho pesado. Continua muito bonito, com destaque para a extasiante vista do ponto máximo da subida para Tocos, é de ficar de boca aberta! Literalmente!

As propriedades rurais desse trecho são basicamente de produção de morangos e criação de gado. Ganhamos morangos por todo o caminho, pessoas ótimas que se compadecem da nossa situação de peregrinas, com destaque para um casal, Ademir e Valquíria, que fizeram uma parada de apoio para peregrinos, onde oferecem água e morangos, além de boa conversa. Ao longo de todo o caminho, encontramos pessoas com curiosidades sobre a nossa opção e muitas dispostas a tornar o nosso caminho menos penoso, um grande exemplo de amor ao próximo e solidariedade, vou reservar meu último dia para orar por todos eles!

Saí da parada de apoio refletindo sobre muitas coisas que conversei com o Ademir, ali vi qual a diferença entre eu e os outros peregrinos, é que a maioria deles faz o caminho como forma de penitência, para pagar uma promessa ou para alcançar uma graça, por isso, não têm equipamentos nem planejamento, Deus e Nossa Senhora sempre os ajudarão a enfrentar o sofrimento e as privações – e ajudam. Já eu não, estou fazendo por prazer, por gosto por caminhadas e por expansão de conhecimentos. Não tenho o porque de achar importante carregar o meu próprio peso e nem vontade de oferecer sacrifícios. Quero mesmo nestes momentos de silêncio, prazer e contato com a natureza, poder refletir sobre a minha vida, procurar caminhos para melhorar e vencer as minhas limitações e principalmente orar muito, por todos os que conheço: encarnados e desencarnados – família, amigos, conhecidos e por mim mesma. O importante é que tanto a outra categoria de peregrinos quanto eu, não seremos mais os mesmos depois do Caminho da Fé!

A temperatura estava amena, entre 17° e 20° C e o sol só incomodou um pouco na parte da manhã, estou com a minha nuca toda queimada de sol e hoje tive que pôr um pano por baixo do chapéu (tipo cortadora de cana) e passar muito filtro solar, apesar de usar chapéu com aba grande, temos a tendência de olhar para o chão quando subimos e aí expomos muito a nuca, não contava com isso, deveria ter comprado um boné tipo legionário, que já tem esse pano preso. O meu pé já não dói mais, parece mesmo ajuda espiritual. Até o momento, não tive bolhas, nem assaduras e não tomei um remédio sequer.

Hoje minhas orações foram de agradecimento e para mim mesma.

No caminho, ouvi uma linda sinfonia em uma fazenda em que passamos: por vários minutos, tinha um bezerro, uma vaca, um boi e um galo mugindo e cantando seqüencialmente, foi lindo! Foi o som mais bonito que ouvi até agora. Vimos uma enorme cobra morta na estrada, acho que era uma cascavel.

Desde Águas da Prata, temos vistas muito lindas depois das fortes subidas, quando ficamos impressionadas vendo o que já percorremos nas últimas horas. Sempre visualizamos a estrada que ficou para trás serpenteando as imensas montanhas, seja subindo ou descendo. Tenho visto que sou capaz de muito mais do que imagino!

A sinalização, tem funcionado muito bem até aqui.

Chegamos em Tocos do Moji às 13:30 h, sem nenhum cansaço e fomos para a Pousada do Peregrino, muito simples, sem banheiro no quarto, com higiene discutível, mas dá para ficar. D. Terezinha, que administra a pousada, é pessoa simples e muito empenhada em agradar. Almoçamos em um restaurante simples, sujo e com boa comida, acho que é o único da cidade. Tiramos a tarde para descansar, colocar a bagagem em dia e fazer diário, foi ótimo! À noite, fomos comer o típico pastel de milho, muito bom!

As duas senhoras peregrinas, Maria e Lourdes, que reservaram o nosso hotel em Borda da Mata, têm se alternado conosco, hora estão à nossa frente e hora atrás, hoje, pela segunda vez, dormimos na mesma pousada. Conversamos bastante à tarde e elas nos fizeram relatos comoventes de sua fé em Nossa Senhora e me impressionaram pela sua simplicidade. Elas estão com muitas bolhas nos pés, uma delas tem bolhas até de sangue, também, elas inventaram de colocar absorventes femininos dentro do tênis para não dar bolhas e acabaram se arrebentando! Assim como elas, tem um grupo de jovens peregrinos na pousada, que fizeram a mesma coisa e estão na mesma situação. Isso é história de maluco, modismos de caminhos de peregrinos, sem nenhum fundamento! Já tinha lido alguns relatos de pessoas que fizeram essa loucura e se deram mal, não dá para acreditar em tudo que nos falam que é bom, tem que se pesquisar em literatura, ouvir pessoas comprovadamente experientes e principalmente, usar o bom senso! Será que quando se projeta um tênis contam com a possibilidade de colocarmos um absorvente dentro dele? E será que quando projetam um absorvente, pensam na anatomia dos pés? Acho que não!

19.07.2004 - (não caminhamos) – Tocos do Moji (MG)

Choveu a noite toda e amanheceu chovendo, então optamos por não sair. Ficamos por medo, pois este é o trecho mais íngreme, deve estar escorregando, atolando e iremos ficar com os pés pesados de barro, roupas molhadas e principalmente correremos risco de hipotermia, sem contar que o Augusto não poderia nos acompanhar.

As pessoas que chegaram de Borda da Mata ontem, onde já estava chovendo, se arrependeram de ter vindo na chuva e falaram que se amanhecesse nas mesmas condições, eles iriam esperar passar (e olha que são garotões!).

Tirei o dia para me cuidar e reorganizar a minha bagagem, para mim está ótimo! Acho que imprevistos fazem parte de qualquer viagem e nada acontece por acaso. Almoçamos no mesmo restaurante e à tarde, andamos pelo pequeno comércio da cidade. À noite conversamos com duas peregrinas de São Paulo, que estão fazendo só dois dias de trilha, amanhã elas retornam para casa. Depois, tomamos uma sopa instantânea, com molho de queijo, no quarto.

Choveu o dia todo e mais forte à noite, porém na hora de deitar, parou e faz muito frio, nada esquenta, só líquidos quentes, dentro do quarto está entre 16° e 17° C. Devia ter trazido uma bebida forte, tipo conhaque, para esquentar na hora de dormir.

As pessoas daqui informaram que se amanhã estiver sem chuva, dá para caminhar, a chuva de um dia e uma noite não irá formar muitos atoleiros. Vamos ver como amanhece, mas preferia não arriscar, tenho medo de voltar a chover quando estiver no meio da estrada.

A Pousada do Peregrino é precária e suja, tenho sentido que faz parte da cultura do Caminho, que peregrino não precisa de nada bom, não precisa conforto, privacidade e nem precisa de lugares limpos, pois temos é que sofrer! O que importa aqui é ser barato. É lógico que existem muitas exceções pelo Caminho! Mas não concordo com esse tipo de cultura, sou pessoa acostumada a fazer viagens econômicas, já fui alberguista e não faço questão de luxo ou confortos desnecessários, há formas de oferecer um serviço simples, barato, limpo e respeitoso. Também deveria ter sempre opções para quem pode pagar um pouco mais. Pelo Caminho, já me deparei com portas de banheiro que não fecham; banheiro sem telhado; alojamento que dorme aberto; roupas de cama usadas anteriormente; dono de pousada mandando eu desligar o telefone onde fazia uma ligação a cobrar porque precisava do aparelho; um banheiro para uma pousada inteira (até para os donos), tinha que ficar em uma fila e lavar o rosto e escovar os dentes no tanque (e essa não foi barata não, aliás, foi a mais cara de todas!); lâmpadas sem contato, que precisei ficar empurrando o globo com meu cajado o tempo todo; banheiro coletivo sem limpar por mais de 48 horas; beliches bambos fazendo barulho a noite inteira; chuveiros com pouco aquecimento e pouca água, e olha que o frio da região exige rigor com esse tipo de coisa; quartos em porões e muitas outras coisas que não passam pelo luxo e sim por questões de infra-estrutura básica e que mostram um certo despreparo e desmazelo.

20.07.2004 – 6° dia – Tocos do Moji (MG) / Estiva (MG)

22 km

Acordei às 05:30 h, tinha estrelas no céu e não choveu durante à noite, resolvemos então sair, apesar de no início da manhã estar tudo nublado, carregado e fazendo muito frio, 13º C. Preparamos o nosso café e saímos às 7:00 h.

Iniciamos nossa caminhada em meio a muita lama em uns quatro trechos, mas deu para passar sem maiores problemas, só muita sujeira na papete e na calça. Ah se não fosse o meu cajado! Passamos por algumas subidas e descidas e depois de 6 km, chegamos a um lugarejo chamado Fazenda Velha, a partir daí, a estrada ficou sem lama. Trecho com muitas subidas, sendo uma vertiginosa, que durou 01:10 h sem trégua, e aí não precisa nem falar que as vistas são maravilhosas! Tem plantações de morangos, criação de gado e alguns pontos de mata, é muito bonito. Tem trechos da estrada que são tão íngremes que é calçado com lajotas para os carros não derraparem. Nos relatos que li, diziam que tinha muito movimento de carro, mas hoje não teve e também diziam que tinha muitas plantações de morangos, mas até Tocos do Moji, achei que tinha muito mais.

Uma coisa que temos observado é que quando no topo das subidas, avistamos as cidades de destino lá em baixo, ainda demoramos umas 3 horas ou mais até chegar, apesar de parecer que em meia hora chegaríamos.

Fez frio o tempo todo, entre 13º e 15º C, ficou nublado todo o dia, mas felizmente não choveu. Foi um dia muito agradável, chegamos em estiva às 15:00 h.

Ficamos na Pousada do Poca, os apartamentos são novos e bem equipados, com TV e um banheiro muito bonito, que infelizmente não tinha chuveiro quente, pois é com energia solar e o tempo está muito ruim. Então, o banho foi no banheiro coletivo, mas pagamos preço de quarto simples. Finalmente vou dormir em um lugar bonito e limpo, porque em Tocos do Moji foi de amargar! O dono (Poquinha) é muito agradável.

A cidade é bonitinha e com algum recurso. Almoçamos no Restaurante Nelio’s uma comida barata, farta, gostosíssima e um atendimento nota 10.

Depois do almoço, passei na igreja, por ser famosa nos relatos que li. É moderna, com grandes vitrais e muito bonita, mas adorei mesmo foi a Capela do Santíssimo, na lateral da mesma igreja. Trata-se de um lugar com uma energia muito boa e uma arquitetura muito bonita, com as quatro paredes em vitrais sem desenho, só de vidros quadrados multicoloridos de cima em baixo, que dão uma luz linda no interior da capela criando uma atmosfera muito especial. Duas filas de bancos se encontram na frente, formando um ângulo de 45°, sob um teto muito alto e anguloso. Todo o ambiente eleva o espírito, é mágico e leve. Quando cheguei, quatro pessoas estavam rezando o terço, de forma muito bem ritmada e alternado por duplas muito sincronizadas, era como um mantra, sentei e fiquei ouvindo, tudo aquilo me envolveu de uma tal forma que não queria mais sair dali, fiquei por um bom tempo, só relaxando e meditando, embalada por aquela cadência e pela profunda fé que todos emanavam, foi ótimo!

21.07.2004 – 7º dia – Estiva (MG) / Consolação (MG)

19 km

Saímos as 07:10 h de Estiva, o tempo estava bom e fazia um frio de 15° C.

Metade do caminho,é mais ou menos plano e muito bucólico, passando por propriedades rurais e por um lugarejo chamado Boa Vista. A outra metade, é de subidas vertiginosas e vistas maravilhosas, de quase 360°, “mares” de montanhas, algo maravilhoso, de tirar o fôlego. Para chegar em Consolação, teve uma longa descida. Pelo caminho, vimos criação de gado, plantações de morango e café. Fotografei muito hoje! Foi um dos dias mais bonitos até agora.

Ventava, ventava muito, parecia com os ventos da Terra do Fogo. O clima mudou totalmente, chegou a 17° C, mas o vento fazia a gente sentir muito frio.

Chegamos em Consolação às 15:00 h, fomos à Pousada da D. Elza que é inviável, os péssimos quartos ficam em um porão. Então, fomos para a Pousada Capivari que é menos pior, mas muito precária também, com comida ruim e cara. Fica em uma casa simples, sem banheiro no quarto, mas limpa. No final da tarde, a empregada foi embora e ficamos donos da casa. Faz muito frio!

As pessoas continuam nos abordando com curiosidade sobre nossa peregrinação, é muito engraçado, porque todos acham que estamos nos penitenciando! Nem tento explicar os meus motivos em fazer a caminhada, deixo eles acharem que somos umas sofredoras, assim, fica todo mundo feliz!

22.07.2004 – 8° dia – Consolação (MG) / Paraisópolis (MG)

21 km

Depois de uma noite mal dormida, na precária Pousada Capivari, arrumamos o nosso café da manhã e partimos às 07:00h com um frio de 8º C, desta vez, sem o Augusto, que não pode nos acompanhar porque o caminho não permite.

Andamos um trecho pela estrada normal até a entrada da trilha, quando um produtor rural tentou nos convencer que a estrada era melhor que a trilha, mas já baseada em relatos de outros peregrinos e na opinião do Sr. Clóvis, seguimos pela trilha, mesmo sendo mais íngreme e um pouco mais longa (mais ou menos 1 km). E não nos arrependemos, o trecho inicia-se passando por lugarejos como Jacintos, em caminho plano, muito bucólico e agradável, uma estrada linda. Depois corta-se um pasto, com muita subida e belas trilhas, é um caminho muito deserto, com ar abandonado e me deu um pouco de medo de ter cobras, as vistas são muito bonitas. Depois entramos novamente em uma estradinha com muitas propriedades, em descida na maior parte, também muito bonita. Finalmente avistamos Paraisópolis e então começamos a subir novamente e depois descer para chegar à cidade às 14:45 h. Esse é o trecho mais bem sinalizado que já passamos, com ótimas placas indicativas e também informativas.

Passamos pela Pedra Branca e pela Serra do Machadão (1691 m). Hoje avistamos a Pedra do Baú. Pegamos a maior oscilação de temperatura até agora, girou dos 8º aos 23º C, mas fez muito frio porque ventava muito. Aliás, o antigo nome de Paraisópolis era São José da Ventania, os ventos daqui também me fazem lembrar a Terra do Fogo!

Em Paraisópolis, o Augusto já tinha reservado a Pousadinha Mineira e feito amizade com o dono, com o qual, passou todo o dia conhecendo a cidade. Pousada muito aprazível, limpa e bonita, me lembra um Albergue que fiquei em Bariloche, toda em madeira. Sem falar na hospitalidade, o dono é Secretário de Turismo da cidade e nos deu muitas dicas sobre o Caminho, que ele mesmo sinalizou em todo esse trecho, seu nome é Valdyr.

Jantamos no restaurante Degraus, razoável, mas tem uma ótima cachaça de uva, especialidade da casa, que até compramos para levar de presente. Quando retornamos à Pousada, batemos um ótimo papo com o Valdyr e tomamos uma cachaça que ele nos serviu, para aquecer um pouco! Ele quer uma cópia do roteiro que elaborei durante o meu planejamento.

Foi um ótimo dia!

23.07.2004 – 9º dia – Paraisópolis (MG) / São Bento do Sapucaí (SP)

22 km

Depois de uma noite bem dormida, em uma pousada limpa e aconchegante, que serviu o café da manhã, saímos às 07:10 h com um frio de 11º C.

Seguimos a trilha do Caminho da Fé pegando à direita da estrada de asfalto, por sugestão do Valdyr, contrariando o que o Sr. Clóvis havia nos orientado. Segundo ele, o trecho era cansativo e sem maiores atrativos, não compensava, deveríamos seguir pelo asfalto até a trilha à esquerda. Infelizmente seguimos o Valdyr e entramos na trilha, foi péssimo!

Começa-se subindo em uma estradinha com uma vista bonitinha, depois pegamos um pasto mal sinalizado e cheio de bois, um canavial só com um trilho para passagem, com as folhas dos pés de cana raspando no nosso rosto e depois passa-se por um lugarejo feio. Aconteceu de tudo, erramos o caminho no pasto (conto em detalhes a seguir), bois nos seguiram, cães nos ameaçaram e muita subida cansativa. O fim do mundo!!!

Porém, uma coisa muito interessante estranha aconteceu conosco no pasto, quando erramos o caminho. Começamos a subir, tinha uns bois no alto e não víamos mais setas, a Ângela insistiu que deveríamos subir e eu não queria, mas fui a acompanhando mesmo assim. De repente, começamos ouvir uns gritos, só identificava:

_ “É à direita!”, “é à direita!”

Então, perguntei para Ângela do que se tratava aquilo e ela disse que não sabia, não colocou muita fé, mas eu coloquei! Tirei o meu capuz para escutar melhor e dei meia volta para lado do qual vinha a voz e comecei a escutar:

_ “Volta!...Tem boi bravo lá em cima!... É à direita!... A placa caiu!... É à direita!...”

Decidi voltar, fui para a direita como me orientava a voz e logo vi uma placa. Daí, parei e a voz continuou:

_ “Vai para a direita!...”

Então gritei também:

_ Quem está falando?

Nenhuma resposta.

_ Onde você está?

Nenhuma resposta.

A Ângela gritou:

_ Acena para a gente te ver!

Silêncio total.

Aí eu gritei:

_ Obrigada!

E nenhuma resposta tivemos, a voz não dava para identificar se era de homem ou de mulher, estava tudo deserto, não se via ninguém, só algumas poucas casas, uma ou duas e um curral. Parece uma coisa mágica, uma voz vinda do céu!!! De quem será?! Ah! E tem mais um detalhe, depois que a voz se calou e tomamos o caminho certo, daí a pouco, olhei para trás e aqueles bois que estavam no alto do pasto, uns cinco ou seis, desceram e estavam nos acompanhando. E apesar do meu medo e ansiedade com aquela

situação, eles nos seguiam sem agressão, por um bom trecho, até uma tronqueira que atravessamos e eles não puderam continuar. Estranho, não?!

Depois do conturbado trecho, caímos em lugarejo chamado Coqueiro e dali pegamos o asfalto, andamos um pouco e chegamos na trilha à esquerda (aquela que o Sr. Clóvis orientou para pegarmos direto). Ali, o Augusto já estava nos aguardando para seguir conosco. Entramos em uma estradinha rural e logo no início, passamos por uma propriedade com um enorme atoleiro que infelizmente o Augusto não conseguiu vencer, depois de uma manobra de mestre, ele retornou para o asfalto e nós seguimos pela trilha.

Todo o caminho tem subidas e descidas leves, com muitos trechos planos, passando por propriedades e pelo vale do rio Sapucaí Mirim, com lindas montanhas à volta. Uma paisagem inversa àquelas que vínhamos tendo, sempre vemos tudo do alto, hoje andamos pelo vale e vimos as montanhas de baixo para cima, é muito interessante também.

Quando estávamos chegando em São Bento do Sapucaí, tivemos uma vista linda da Pedra do Baú, que infelizmente, não pude fotografar porque o meu filme acabou e não consegui achar o outro na mochila. Pode? Era puro cansaço, o filme estava em um bolso interno da mochila, só achei à noite!

Chegamos às 15:45 h e nos hospedamos na Pousada da Vovó Hilda, a qual já havíamos reservado, foi a única onde encontramos vaga, pois é fim de semana e aqui é uma bela cidade de turismo, muito concorrida. A pousada é bonitinha e simples, ficamos os três no mesmo quarto, com banheiro, TV e café. Almoçamos no Restaurante Taipa, com comida muito boa.

Nos cansamos muito hoje, apesar do percurso ser curto e plano, ventou bastante, fez sol forte (com máxima de 15° C), caminhamos com peso na mochila (em virtude do Augusto não poder nos dar o apoio logístico) e passamos por muitas situações de estresse. Mas felizmente, terminamos o dia bem, inteiras e ainda com a felicidade de ter recebido uma benção! Pois aquela voz, sendo de quem quer que seja, nos orientou e nos tirou do caminho errado e isso na minha concepção, é uma bênção!

24.07.2004 – 10º dia – S. B. do Sapucaí (SP) / Santo Antônio do Pinhal (SP)

28 km

Saímos às 07:00 h, com um frio cortante de 4° C, dizem que fez 1,5° C em Sapucaí Mirim e 0° C em Santo Antônio do Pinhal. Seguimos 1 km pela cidade e depois 10 km por estrada de chão com duas grandes subidas até Sapucaí Mirim; depois, 3 km de asfalto em uma estrada infernal e perigosa; em seguida, uns 4 km em uma bela estradinha de terra com subidas leves e uma forte; dela saímos e caímos em uma estrada de asfalto mais calma, que leva a Campos do Jordão, nela andamos por 1 km. A partir desse trecho, o Augusto não nos acompanhou porque teve notícia que o carro dele não passaria na próxima estrada de terra. Quando pegamos a tal estrada de terra, com uns 4km, estreita, cercada de vegetação, cortando uma mata fechada, muito bonita, mas sinistra, sombria e deserta, com algumas poucas casas abandonadas ou fechadas, dava até medo, mas era linda. Ali tive medo de aquela informação que nos deram sobre a inviabilidade de passar o carro naquele trecho, ser uma armadilha para nos assaltar naquele ermo, pois o carro passaria sem problemas, mas felizmente nada aconteceu. Ali também tinha uma subida interminável e lá do alto, tivemos uma belíssima vista da mata com a Pedra do Baú ao fundo, gostaria de não estar tensa naquele momento, para curtir mais aquele visual! Caímos novamente em uma estrada de asfalto, com uns 4 km, subidas e corredeiras d’água em todo o trecho, bonita e com bastante movimento de carros.

Chegamos em Santo Antônio do Pinhal às 17:00 h, com a Ângela se arrastando. Foi um dia bonito, com muitas subidas e quedas d’água.

Ficamos na Pousada da Ponte, a única onde encontramos vaga, estava lotada e só tinha um quarto triplo, pequeno (não tinha lugar nem para as mochilas), abafado e sem banheiro. Precária, cara e com café da manhã. Dormi uma péssima noite, o beliche balançava, a pousada tinha apenas 1 banheiro para todos os quartos, (até para os donos!) e chegamos a ter que escovar os dentes no tanque, isso não teria nada demais se essa não fosse a pousada mais cara de todo o percurso, com uma dona esperta que queria nos cobrar ainda além do que estava estabelecido na tabela do site do Caminho da Fé, e ainda teve a cara-de-pau de me dizer que gosta de peregrinos porque com eles não precisa se preocupar, até escovar os dentes no tanque eles escovam sem reclamar! Ah! Até a Luz apagou por sobrecarga e eu ainda tive que ajudar a dona da pousada com minha lanterna, nem isso ela tinha!

Jantamos em uma cara cantina e foi a opção mais barata que encontramos. Santo Antônio do Pinhal é uma cidade turística, de bom tamanho e cara, só tem turistas de SP, é muito próxima de Campos do Jordão e parece que é uma opção de hospedagem para quem quer ir àquela cidade.

25.07.2004 – 11° dia – S. Antônio do Pinhal (SP) / Pindamonhangaba (SP)

30 km

Saímos já atrasadas às 07:20 h e 4º C, doida para me ver livre daquela pousada onde dormi uma péssima noite.

Andamos pelo asfalto uns 4 km até a estação de trem, trecho bonito e com muita vegetação. A estação lembra Campos do Jordão (que nem conheço!), de lá se tem uma vista linda do Vale do Paraíba, último ponto alto para avistarmos a Serra do Mar, estando na Serra da Mantiqueira. No mirante, há uma imagem de NS Auxiliadora. Dali descemos uns 500 metros pela linha de trem e pegamos uma trilha em descida, com muitas pedras, nascentes no meio do caminho, mata fechada ao lado, com trechos de muita lama, caminhamos praticamente dentro d’água em terreno muito escorregadio, o trecho tem 1,5 km e é muito deserto e sinistro. Ficamos um pouco tensas ali, depois que uma dupla de adolescentes de aparência duvidosa, passou por nós de bicicleta, e por coincidência, depois disso, começamos a ouvir uns assobios no meio da mata e achamos que podia ser alguém avisando nossa passagem, o detalhe é que a mata é super fechada e mal víamos o céu. Ficamos tensas as duas e sem falar um “a” uma para outra, só depois que saímos do trecho é que comentamos o nosso medo e estávamos as duas achando a mesma coisa, ainda bem que não era nada! Devia ser algum pássaro que tinha um canto muito parecido com assobio. Apesar de tudo, o local é bonito e agradável de caminhar. Em seguida, caímos em uma estrada de terra, de uns 5,5 km aproximadamente, em descida e sem grandes belezas, mas cada vez que olhávamos para trás, tínhamos a dimensão do que já havíamos descido e das belezas que estavam ficando para trás, o visual era lindo. Chegamos à Estação de Paracuama, um lugar lindo, com belas casas e dali em diante, pegamos o asfalto até Pindamonhangaba, uns 19 km. Apesar do caminho ser de descidas ou planos e com movimento médio, hoje foi muito cansativo, tive muita dor na sola dos pés ao final da camihada.

Chegamos às 17:00 h em Pinda e nos hospedamos na Pousada Anjos do Bosque que é limpa, simples, com bom e formal atendimento, banheiro no quarto, TV, telefone, fiquei muito bem instalada. Jantamos no Restaurante Gramado, no centro.

Todo o trecho a partir de Santo Antônio do Pinhal, tem a sinalização deficiente, poucas setas ou ausência delas em pontos chave, as pousadas são difíceis de achar e as pessoas do lugar pouco ou nada sabem sobre o Caminho da Fé.

Estamos apenas a um dia da nossa vitória! Não imaginava que seria tão fácil! Cansativo, mas fácil. Para se terminar o Caminho da Fé é preciso ter fé ou gostar muito de caminhar, sendo que, para quem gosta, deve se equipar para fazer bem, o equipamento técnico é fundamental para o sucesso, sem bolhas, dores e assaduras. Outra coisa fundamental é o planejamento, saber o que tem pela frente e se preparar. Já para quem tem fé, não precisa nada, vi gente fazendo a trilha com bolhas de sangue, usando chinelos “Havaianas” com meias, debaixo de chuva, de mochila escolar amarrada na cintura com uma faixa qualquer, com mais de 60 anos, e fazendo quilometragem maior do que a nossa (isso tudo ao mesmo tempo) e já devem estar lá, antes da gente, entregando tudo a Nossa Senhora: as dores, os problemas, as vitórias e é lógico que Nossa Senhora ampara seus fiéis pela trilha!

E não é que eu não tenha fé, tenho muita, mas estou fazendo por prazer, prefiro não colocar nas mãos de Nossa Senhora a responsabilidade pelo meu sucesso, e nem mostrar o meu agradecimento com sofrimento, acho que a melhor forma de agradecer é assimilar os ensinamentos e procurar ser cada dia melhor comigo e principalmente com o próximo. E apesar de ainda estar longe, vou tentando, me sinto na obrigação de fazer a minha parte, mas sempre pedindo a Ela e a Todos que me acompanham para que me ajudem, protejam e instruam durante o meu caminho. E tenho tido prova da intervenção espiritual a todo momento.

No Caminho, não tem dia mais fácil ou mais difícil, exceto o primeiro, que como diz o Maurão, de Inconfidentes, é sempre o mais difícil de uma peregrinação, devido às tensões, ao medo do novo, ao medo de não agüentar etc... No mais, é sempre um desafio novo a cada dia, sempre tem algo difícil de superar: subidas, descidas, vistas monótonas, asfalto, movimento de carro, calor, frio, chuva, lama e perigos diversos. Mas uma coisa é certa, o prazer é sempre muito maior do que as dificuldades! E mais uma vez eu digo, somos capazes de muito mais do que imaginamos!

26.07.2004 – 12º dia – Pindamonhangaba (SP) / Aparecida do Norte (SP)

31 km

Depois de uma noite bem dormida e com 10° C, partimos às 06:45 h, depois de tomar o café servido pela pousada.

Todo o caminho é pelo asfalto, sendo os primeiros 10 km com muito movimento e o restante com movimento médio. Em todo o percurso, tem acostamento largo, é tudo plano, tem muitos ciclistas e quase nenhuma beleza natural. A sinalização ainda é precária em alguns pontos, mas dá para chegar.

Chega-se ao perímetro urbano de Aparecida e ainda se caminha muito, uma hora ou mais, é uma agonia. A nossa chegada mesmo, onde avistamos a Basílica, que ainda fica a alguns minutos de caminhada da chegada propriamente dita, foi às 15:00 h, é uma emoção muda e indescritível a sensação de vitória, de competência e principalmente de agradecimento a Nossa Senhora, o primeiro pensamento que tive foi que não ofereci a Ela nenhum sofrimento durante o Caminho, mas o que mais queria naquele momento era oferecer a minha vitória e assim fiz! Chegamos juntas com uma romaria de 120 cavaleiros, os quais já havíamos visto pelo caminho, foi lindo! Tínhamos a opção de entrar pelo estacionamento, mas não quis, demos a volta, andamos mais uns 15 minutos e entrei triunfalmente pela porta principal, foi muito bom!

A Basílica impressiona pelo tamanho e é muito bonita, com belos detalhes arquitetônicos de entrada de luz natural e belos arcos românicos. Depois de fotografar o interior, fomos à secretaria carimbar a credencial pela última vez e receber o Certificado Mariano. Que vitória e sensação de dever cumprido! Depois, fui para a Sala de Promessas colocar os nomes das pessoas da minha família (encarnados e desencarnados), ver a Imagem original e depois assistimos a missa das 16:00 h (esse sim foi o sacrifício que ofereci a Nossa Senhora, porque não gosto do ritual da missa).

Na saída, fomos ao Shopping da Basílica, onde só vendem artigos religiosos e comprei um presente para a minha mãe, que é devota de Nossa Senhora Aparecida. Já na rua, uma pessoa nos abordou e ofereceu um hotel, em um bairro, para hospedarmos, estávamos tão cansados e sem esperança de achar um bom lugar que resolvemos arriscar e aceitar. Uma porcaria, a tal Pousada São Jorge, mas nada estragaria aquele dia maravilhoso.

No dia seguinte, passamos pela Basílica velha, andamos um pouco pelo comércio, fui à missa novamente (quem diria! E essa foi uma missa muito bonita, gostei) para benzer um pouco de água e o presente da minha mãe. Depois fomos ao Porto de Itaguaçu, onde foi encontrada a imagem de Nossa Senhora, um lugar com uma energia maravilhosa e uma vista linda, adorei. Ainda antes do almoço, retornamos para nossa querida Juiz de Fora, chegando por volta das 15:00 h.

Foi uma experiência mágica, maravilhosa e inesquecível!

Comentários de outros peregrinos

Eneida,

Amei seu diário, estava pensando em fazer a caminhada este ano no mês de junho com amigos mais pelo visto vai ficar para o ano que vem. Pode ter certeza, seu diário e as dicas estão sendo muito úteis.Desde já obrigada.Se eu puder ser útil aqui no Rio, seguem meus telefones.

Claudia Quintanilha

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Cara Eneida,

Recebi as suas sugestões e o seu "Diário" com muito carinho, as dicas já li, e o diário estou a imprimir após ver trechos. Muito obrigado pela vossa atenção e apreço, faço aqui ao convite de nos visitar em Maceió para realizarmos caminhadas pela nossas praias e lagoas.

Caminho regularmente com grupos organizados e dedicados entre eles a "Associação dos Amigos do Caminho de Santiago de Compostela - Alagoas, do qual faço parte, vais gostar de conhecê-los, atenciosamente

Clodoaldo Leal - clodoaldo@equip.com.br

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Oi!!!

Parabéns, amiga peregrina! Seu relato sobre o Caminho da Fé está ótimo!

Gostei muito da forma objetiva e da preocupação com detalhes, tais como tempo de caminhada, temperatura, as pousadas, etc.

Suas dicas também são muito boas, principalmente para quem não tem muita experiência em caminhadas longas durante dias seguidos.

Muito obrigada! Em maio, estarei trilhando aquelas belas subidas e descidas, e tenho certeza que vou gostar bastante.

Ótimas caminhas pra você.

Um abraço

Diná

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Eneida.

Li seu diário,eu e meu marido nos emocionamos e rimos algumas vezes da sua narrativa. Fiz algumas anotações que com certeza servirão pra nossa experiência. Estou intensificando minhas caminhadas, embora entenda que nada se assimile à verdadeira experiência do Caminho da Fé. Muito obrigado pela gentileza em atender meu email e quem sabe nos esbarraremos em um dos caminhos.

Um abraço,

Eliane

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Recebi as dicas que realmente serão de grande valia.

Grato

Idelmar.

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Rio de Janeiro, 29 de março de 2005.

Olá Eneida!

Maravilha receber notícias suas, do(s) Caminho(s), do seu diário,... Viva! (confesso que já estava pensando em lhe enviar um e-mail do tipo: que tal darmos seqüência ao diário do Caminho da Fé, hein? - ainda bem que me segurei... rs!).

Eu fui passar o feriado em Santo Antônio de Pádua/RJ e quando retornei tive a grata surpresa de encontrar seus e-mails pelos quais agradeço muitíssimo. Muito OBRIGADO mesmo!

Estou seguindo o que você me orientou: lido bastante a respeito do Caminho, verificado equipamentos, guardado algumas economias, treinado algumas caminhadas (ainda sem qualquer tipo de peso às costas)... além, é claro, da grande expectativa.

Claro que o seu diário é de grande valia para mim. São essas experiências que contam, que nos auxiliam, que nos dão apoio e ajudam a compor o nosso planejamento (no caso, o meu, né?). Outra coisa digna de elogio: a sua redação. Ótima. Um português gostoso. Um diário limpo, bem organizado, com um cuidado bem legal. Gostei muito! Como sempre, me emociono com os relatos, rio de algumas situações; (o comentário: "... será que quando projetam um absorvente, pensam na anatomia dos pés?..." é um bom exemplo para uma gargalhada), as curiosidades do Caminho (sempre algo de inusitado acontece - sem uma explicação muito lógica - mágico tudo isso), e durante todo o seu relato várias coisas me tocaram (afinidades de pensamentos), e é primoroso quando cita que a melhor forma de agradecer é assimilar os ensinamentos e procurar ser cada dia melhor... Muito bom tudo isso! Gostaria de poder comentar sobre várias coisas que li no seu diário mas tenho andado com pouquíssimo tempo, então fica expresso mais uma vez o meu MUITÍSSIMO OBRIGADO!

Que Deus possa retribuir com muitas bênçãos toda consideração que você tem dispensado à minha pessoa.

Um grande abraço.

Jânio.

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Eneida,

Parabéns pela aventura e pelo detalhado relato. Imprimi uma cópia e vou fazer um breve resumo para aproveitar de suas "dicas", mormente aquelas relativamente às Pousadas, as boas para prestigiar, as ruins para fugir, passar ao largo.

Seu relato é minucioso e agradável de se ler. Percebe-se ser você uma pessoa bastante organizada e prática. Eu já tenho razoável experiência de caminhadas, assim, quero crer vou conseguir chegar inteiro à Aparecida, melhor agora, seguindo seus sábios conselhos.

Assim, fico-lhe muito grato pela gentileza em dividir com os peregrinos, que como eu, no futuro irão trilhar o Caminho da Fé, sua rica experiência detalhada ao extremo. Atitudes desprendidas como a sua merecem ser divulgadas e seguidas por todos.

Que Nossa Senhora Aparecida continue a lhe cobrir de bênçãos.

Um forte abraço peregrino,

Oswaldo

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Oi, Eneida,

Obrigada pelo relato, já dei uma lida na tela, mas oportunamente vou imprimir e iniciar o meu dossiê do caminho - pretendo fazê-lo com uma amiga (eu 53 ela 40).

Abraços e muito obrigada pela atenção, o relato vai ser bem aproveitado!

Regina

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Eneida,

Obrigado pela gentileza, pretendo fazer minha caminha em julho/2005, com minha filha, pode ter certeza que seu diário vai ser meu livro de cabeceira até à caminhada.

Abraços,

Augustinho

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Prezada Eneida,

Agradeço muito sua gentileza e a presteza do envio das informações sobre sua experiência no Caminho da Fé. Farei a leitura e após, se ainda restar alguma dúvida, tomarei a liberdade de incomodá-la novamente. Com determinação e seguindo os conselhos dos mais experientes, como você, sei que chegarei lá.

Muito Obrigado!

Um abraço,

Odair

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Prezada Eneida,

Estou me preparando para percorrer o Caminho da Fé no início do 2o. semestre deste ano. Me recordo de já ter lido mensagem sua, no livro de visitas do site Caminho da Fé, no ano passado. Fiquei muito impressionado com a coragem, determinação e força de vontade sua e de sua companheira, é uma lição a ser apreendida por muitas pessoas que só se dispõem a enfrentar esses desafios na companhia de grandes grupos. Na ocasião, o que me chamou atenção em seu relato, foram os aspectos de planejamento, em especial quanto aos equipamentos para a caminhada (calçados adequados, mochila, roupas etc.). Sem dúvida são aspectos extremamente relevantes, de forma a evitar imprevistos ou acidentes, garantindo maior segurança e até mesmo, menor desconforto para vencer a longa jornada. Ficaria muito grato, se pudesse me enviar alguns esclarecimentos e orientações adicionais.

Um abraço,

Odair Gonçalves : e-mail: (omgoncal@ipen.br)

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Prezada Eneida,

Muitíssimo obrigado pela remessa do teu relato do Caminho da Fé. Li de um fôlego. Foi o mais interessante e bem escrito relato que encontrei até agora. Parabéns.

Um grande abraço.

José Cláudio Warken

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Olá Eneida,

Li suas dicas e o seu relato com muita atenção, achei muito legal, porém fiquei pensando o perigo que você e sua amiga correu em passar por lugares desertos em pleno mato, realmente vocês tiveram muita coragem.

Obrigado pela atenção e olha, a região da Serra da Canastra também é um lugar ótimo para caminhadas.

Fica na paz de Jesus, pois ele é o único caminho ao Pai!

Dimarzio Valim Gomes

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Eneida,

Obrigado! Fiz uma leitura rápida no texto. E farei muitas outras, com mais atenção. Não fazia idéia do que é realmente o CF. Tomarei cuidados e treinarei com mais atenção até dezembro. Quando estiver no percurso do CF lhe dou notícias pela internet. Agradeço sua rápida resposta! Foi muito importante conhecer a sua experiência e dificuldades.

Ricardo

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Nome: Ricardo Sant`Anna Cabrallarbac@superig.com.br

Mensagem: Eneida! Muito obrigado pela boa vontade em permitir conhecer sua experiência no CF. Alguns detalhes sempre fazem a diferença no planejamento e no sucesso para qualquer iniciante em caminhadas de percursos longos.

Ricardo

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Eneida,

Seu relato é muito bom. Gostei do seu estilo de escrever: direto e objetivo. Me lembra um pouco o escritor paranaense Dalton Trevisan. Gostei da sugestão de caminhar de meias com papete! Em Ilhéus, onde moro e trabalho, já fiz caminhadas de papete pela areia. Se tivesse usado meias, não teria tido problemas com os pés. Foi uma boa sugestão de sua parte! Adeus bolhas nos pés! A parafernália para o CF está pronta! Tudo bem leve e prático. Estou começando a aprender a conviver somente com o necessário.Tenho procurado tornar a minha mochila cada vez mais leve e completa do mínimo que possa precisar. Continuarei treinando e planejando melhor tudo com atenção, de acordo também com o seu relato e o livro do prof. Luiz. Socializei um agradecimento a você no livro de visitas do CF.

Muito obrigado!

Ricardo

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Data: 5/7/2005

Nome: Josmar Santos Junior mazinhojsj@yahoo.com.br

Mensagem: Boa noite , eu queria dar o meu testemunho e agradecer aqui o email que a Eneida me mandou (já escrevi a ela agradecendo) com dicas preciosas e realmente quem deseja fazer o Caminho deve entrar em contato com ela, pois seu diário é precioso e muito rico de detalhes, e vai me ajudar muito no meu Caminho em agosto se Deus e Nsa Sra de Aparecida quiser.

Obrigado.

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Olá minha querida amiga Eneida,

Acabei de ler seu diário, vc foi maravilhosa, suas dicas foram muito boas, mas seu diário me comoveu. As lágrimas chegaram a descer pelo meu rosto porque fiquei realmente emocionado, parece que eu estava te vendo chegar na Basílica. Normalmente eu sou um chorão, mas tem que ter motivo, certo? E tb me imaginei conseguindo chegar como vc chegou.

Mas dei uma boa risada tb quando vc disse: “Será que quando se projeta um tênis contam com a possibilidade de colocarmos um absorvente dentro dele? E será que quando projetam um absorvente, pensam na anatomia dos pés? Acho que não”! Aí eu ri muito, mas vc tem toda razão.

Bem, como vc deve ter visto no meu pedido de ajuda no livro de assinaturas do site, tenho 51 anos, me aposentei esse ano e há muito tempo não faço caminhada. Por isso seu email caiu do céu pra mim, com o seu verdadeiro “Manual do Caminho da Fé”, eu acho que já estou pronto, confesso que minha animação já estava menor, eu conheci o site dia 29 e fiquei muito animado mas ontem mesmo meu joelho começou a doer do nada e eu cheguei a pensar em desistir, mas com seu email eu me animei muito e vou começar a preparar como planejei. Por hora só tenho que te agradecer e dizer que fiquei ainda mais feliz em saber que vc é de Juiz de Fora, pois meu pai é mineiro e todos os meus tios por parte de pai moram aí. Um grande abraço, e muito obrigado pela grande ajuda.

Josmar.

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Olá Eneida.

Fiquei feliz em receber seu diário. Já li quase tudo. Obrigado mesmo por me ajudar. Queria saber se eu poderia (citando a fonte) colocar alguma coisa do seu diário no meu livro-reportagem sobre o caminho da fé.

Pe. Agnaldo

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Oi, Eneida

Agradeço as suas informações, pois me serão de muito valor. Fiquei mais tranqüila porque estou me preparando há dois anos. O meu objetivo é Santiago de Compostela. Senti uma emoção quando você fala que é o caminho que nos chama. Desejo a você um caminho sempre iluminado e mágico como você relatou na sua experiência. Nesse seu diário, fica nítida a força da fé.

Um abraço muito carinhoso,

Eliane

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Prezada Eneida:

Demorei para reescrever sobre os relatos e dicas que você me enviou. Peço desculpas.

Em primeiro lugar, gostei de como descreve o que sentiu, o que viu, suas impressões, sobre o Caminho da Fé. Penso que até leva jeito para ser ESCRITORA. Vá em frente! Pra mim, vai ser de grande ajuda. Obrigado.

Desejo que tenha um ótimo final de semana,

Paz e Bem!

Moacir

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Oi Eneida:

Novamente digo MUITO OBRIGADO pelas dicas bem concretas. Estou me adaptando ao CF, e com sua ajuda para percorrê-lo, será mais seguro, indo bem prevenido. Também minha intenção não é fazer este caminho para sofrer. Quero fazer uma experiência com a natureza, com a solidariedade, com Deus. Um dia ainda sonho fazer o Caminho de São Tiago.

Desejo uma ótima semana e toda paz e bem!

Moacir

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Bom dia,

Neste fim de semana li o seu diário (parece um livro), rico em detalhes, dá a impressão que estamos caminhando com vocês. Minha namorada quase chorou quando terminou a leitura.

Pelo que percebi, devo seguir mais ou menos o caminho de vocês, pois não sou peregrino, gosto muito de esporte e estou indo para refletir, relaxar, sair um pouco desse nosso mundo louco. Devo iniciar em 06/08/05 e sairei de Tambaú.

Gostaria de agradecer mais uma vez por ter me enviado este diário que será de grande valia para minha caminhada.

Mande abraços para sua amiga Angela e um especial para o Augusto que foi o escudeiro de vocês.

Alex

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Eneida,

Seu diário está ótimo. Você não se animaria a escrever um livro, a partir dessa experiência? Você escreve muito bem e, certamente, tem material para escrever um livro sobre o Caminho ou sobre essa experiência de programar caminhadas. Pense nisso...

A leitura me comoveu muito. Eu já havia me emocionado com os relatos que você fez na época, mas ver tudo junto, foi muito especial. Confirmei a admiração que tenho por você - amiga, solidária, organizada, mulher de fé - agora acrescida de uma qualidade que não tinha percebido antes: sua capacidade para escrever, de forma precisa e envolvente.

Laércio também leu e gostou muito.

Um abraço.

Clélia

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